segunda-feira, 12 de abril de 2010

EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS












POR QUE EDUCAR A POPULAÇÃO NO USO DE MEDICAMENTOS?

TOMO OU TOMO A VACINA CONTRA O H1N1? TOMO OU NÃO TOMO ESTE MEDICAMENTO?

Antes de tudo parece-me uma questão importante o fato que na história do Brasil e que pode ser estendida para a América Latina o termo “educação popular” tem várias conotações, vários sentidos, dependendo dos atores e dos objetivos envolvidos. Existe aquela educação do povo feita pelo Estado visando “moralizar, civilizar, doutrinar, integrar a um contexto” ou até mesmo ao “desenvolvimento”. Um outro olhar, outro conceito tem sido propagado e desenvolvido para a educação popular com o objetivo de criar uma nova forma de educar seja libertadora ou problematizadora (freiriana de Paulo Freire) que incorpora à prática educativa o fortalecimento dos “oprimidos” (A Pedagogia dos Oprimidos de Paulo Freire). http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_titulo=Paulo&co_autor=&no_autor=&co_categoria=102&pagina=1&select_action=Submit&co_midia=6&co_obra=&co_idioma=&colunaOrdenar=null&ordem=null Se você não aprecia tanto a condição de oprimido podemos observar a questão da educação da população pelo “olhar” da ASSIMETRIA DA INFORMAÇÂO.
Não sei quanto a você, mas eu tenho um mecânico que vem cuidando dos meus carros ao longo dos anos. Sinto-me segura com meu mecânico porque ele me informa com detalhes o que acontece com o carro, me informa e até me educa. Acredito ser uma situação incomum porque é socialmente “aceito” que mulher não entende nada de carro e não deve entender. Apesar de ter caído em um ou outro golpe, geralmente me livrei de muitos golpes quando o carro quebrava na estrada ou simplesmente o combustível acabava. Isto é assimetria da informação: um sabe tudo e outro não sabe nada e aí aquele que sabe pode “fazer o que quiser” com o menos informado.
A educação da população passa, portanto, pela questão do desinformado, do oprimido, dependente do saber do outro. A educação da população deve fortalecer a todos, a comunidade, o indivíduo através da oferta de informação, orientação e educação de qualidade para que possamos opinar ou mais do que isto PODEMOS DECIDIR com mais confiança, segurança e sensatez sobre coisas que nos afetam. Podemos decidir se tomamos uma vacina ou se tomamos um medicamento, quando, como e por que.
Assim, o objetivo global da educação popular em uso de medicamentos é oferecer informações a indivíduos e comunidades e estimular habilidades e confiança que lhes permitirão usar medicamentos de uma forma apropriada, segura e sensata. Educação da população no uso apropriado de medicamentos é necessária pois sem isto falta à população habilidades e conhecimentos que eles precisam para tomar decisões sobre como usar os medicamentos (incluindo quando não devem ser tomados) e entender o papel dos medicamentos na preservação da saúde. Uso impróprio de medicamentos tem sérias conseqüências econômicas e sobre a saúde, não somente para o indivíduo, mas também para a comunidade e para o sucesso de políticas nacionais de medicamentos.

UTILIZAÇÃO IRRACIONAL DE MEDICAMENTOS
Estudos apontam que a utilização de medicamentos, desde a prescrição até o uso pelo indivíduo, apresenta muitos equívocos que resultam em irracionalidade no uso desta fantástica ferramenta terapêutica, empregada por até 80% dos casos de doenças no mundo. A propaganda e o marketing farmacêuticos também contribuem negativamente.
O uso irracional de medicamentos foi bem documentado e inclui problemas de uso em excesso, abaixo do necessário e inadequado. Vários fatores contribuem para este problema. Incluem:
· a falta de sistemas regulatórios adequados;
· falta de medicamentos essenciais e disponibilidade de medicamentos não essenciais,
· falta de informações clara e objetiva sobre medicamentos para os que prescrevem e para os consumidores (isto tende não somente a influenciar a escolha dos medicamentos mas encoraja as pessoas a usar medicamentos em situações onde eles talvez não fossem necessários).
Exemplos que são comumente encontrados incluem:
· o uso de medicamentos não idôneos e ineficientes, particularmente no setor informal criando um perigo para a saúde individual e da comunidade;
· o uso de medicamentos em situações que poderiam ser solucionadas por alternativas sem o uso de medicamentos,
· nestes casos pode-se ter um aumento do risco à saúde e gastos desnecessários; polifarmácia ou uso múltiplo de medicamentos, que aumentam o risco de reações adversas, incluindo interações de drogas,
· escassez de medicamentos e de prescrições que é comum em países onde o suprimento de medicamentos é errático e/ou há dificuldades no acesso a serviços de saúde e as pessoas se utilizam de medicamentos de doenças anteriores,
· geralmente com a compreensão deficiente da ação e riscos destes medicamentos; preferência por injetáveis e a reutilização de seringas descartáveis, que aumentam o risco de infecções com HIV e outros agentes;
· uso inadequado de antibióticos e outros anti infecciosos , que resultam em resistência a drogas, contribuindo para uma maior mortalidade e morbidade.

Há um círculo vicioso que opera no uso indevido dos medicamentos considerando que os recursos que poderiam ter sido empregados diretamente na prevenção e controle das doenças são desviadas e usadas para tratar as conseqüências deste uso indevido. Problemas de saúde pública resultantes do uso indevido são sérios e podem piorar se não devidamente manejados. Há também um número de tendências atuais que aumentam a necessidade e importância da educação da população em uso de medicamentos.
Estas incluem:
· expansão do setor privado como o provedor dos medicamentos,
· falta de regulamentação adequada do mercado em muitos países,
· a transformação de alguns medicamentos de uso sob restrição (com receita médica) para uso de venda livre (OTC- over the counter),
· aumento da propaganda direta ao consumidor de medicamentos com restrição e
· novas formas de marketing incluindo propaganda e promoções em escolas.

Direitos e responsabilidades da sociedade devem ser alicerçados por educação e informação crítica. Numerosos estudos apontam para grandes equívocos, (ops! que falha nossa) e uso indevido de medicamentos pelos prescritores (médicos ou dentistas) dispensadores e consumidores. As pesquisas em países como a Etiópia, Gana, Índia, Quênia, Papua Nova Guiné e as Filipinas mostram que os consumidores em geral sabem muito pouco sobre os fármacos e medicamentos que eles usam, seus efeitos e seus mecanismos básicos. Outros estudos mostram que embora os produtos farmacêuticos modernos sejam baseados em um modelo racional e científico, são dispensados, prescritos e usados de forma que muitas vezes não correspondem ao descrito pelo modelo. O marketing farmacêutico também pode contribuir para uma utilização irracional. Propagandas antiéticas de medicamentos é prática generalizada em países em desenvolvimento, e embora a propaganda e o marketing farmacêuticos tenham melhorado seus padrões em países desenvolvidos, estudos recentes têm encontrado problemas persistentes. Tratam-se de promessas falsas e enganosas, as campanhas de switch (introdução de medicamento novo sem apresentar melhor eficácia ou segurança) caso da beclometasona x fluticasona (2 por1) e promoção comercial disfarçada de pesquisa científica. Em muitas partes do mundo até 80% dos episódios de doença são auto-tratados com fármacos modernos. Mesmo quando os consumidores utilizam os canais formais de cuidados de saúde, quem toma a decisão final sobre o uso do medicamento é o usuário. Estas decisões são influenciadas pelas crenças de familiares ou amigos ou a comunidade mais ampla, ou as informações dos prescritores e dispensadores e de material promocional. Como os medicamentos são obtidos e utilizados, não é apenas sobre as escolhas individuais feitas por um médico prescritor ou do consumidor, mas reflete uma matriz de fatores sociais, econômicos e de saúde que influenciam essas decisões.

Direitos e responsabilidades

Responsabilidades e direitos da comunidade na assistência à saúde foram articulados em muitos encontros internacionais. A declaração de Alma Ata claramente estabelece que “pessoas tem o direito e a obrigação de participar individual e coletivamente no planejamento e implantação da proteção à sua saúde”. Este é o princípio que a OMS tem incorporado em suas atividades e é a pedra fundamental para o DAP tanto na sua advocacia quanto em seu trabalho de suporte a países. A Carta de Otawa reconhece a comunidade como a voz essencial na questão de sua saúde" e conclama para uma reorientação dos serviços de saúde voltados para a promoção da saúde e de partilha de poder com "outros setores, outras disciplinas e, sobretudo, com as próprias pessoas".
Informação e educação da população em uso de medicamentos têm sido definidas como o elemento chave em política nacional de medicamentos e alguns países têm alcançado progresso nesta área. Contudo, a educação da população tem raramente conseguido recursos humanos e financeiros necessários e é frequentemente tratada como uma atividade marginal ou aquela em que se deve investir somente quando os outros itens da política de medicamentos tenha sido solucionados.
Os consumidores necessitam ter acesso a informações precisas e compreensíveis sobre os BENEFÍCIOS e RISCOS POTENCIAIS dos medicamentos em geral, CRITICAS AS BULAS como eles agem dentro do corpo e as limitações da terapia com os medicamentos e as outras opções de tratamento seja de cirurgia, exercício físico, alimentação, etc. Pacientes, durante um encontro terapêutico ou de dispensação necessitam de informação necessitam de informações sobre o riscos e benefícios de opção de tratamento, incluindo os seus efeitos indesejáveis.
Melhorando a compreensão do público acerca dos medicamentos não resolverá todos estes problemas, mas junto com outras atividades para implantar políticas nacionais de medicamentos, irá contribuir para o desenvolvimento de soluções.
Em nível individual os benefícios de um aprimoramento da população na compreensão incluem:
uma melhor apreciação dos limites do papel dos medicamentos na atenção à saúde e
redução na crença de que todas as doenças requerem tratamento farmacêutico;
melhora no equilíbrio de poder entre os consumidor/paciente e os profissionais de saúde;
uma atitude mais crítica à propaganda e outras informações comerciais, que geralmente falham em dar informações equilibradas acerca dos medicamentos;
uma melhor compreensão de como tomar medicamentos quando necessário.

Em um nível mais geral os benefícios incluem:
· maior compreensão e suporte para as políticas de medicamentos e
· medidas para racionalizar o uso de medicamentos.

Em particular, as pessoas precisam entender que as políticas que encorajam prescrições sensatas são em seu próprio interesse; um uso mais econômico de medicamentos e menor perda de recursos; melhora na confiança nos serviços e profissionais de saúde; maior sucesso nas medidas para lidar com os problemas de saúde pública.

EDUCAÇÂO NA ESCOLA
Educação é necessária a um nível geral a fim de que as pessoas tenham uma melhor compreensão sobre o que são os medicamentos e qual o papel deles nos cuidados da saúde. A inclusão de educação básica sobre medicamentos em escolas pode criar um alicerce sólido para o uso correto dos medicamentos e cuidados com os problemas de saúde. A um nível mais específico, educação é necessária para lidar com problemas de uso incorreto que são considerados particularmente sérios. Campanhas para o uso racional de medicamentos específicos (por exemplo em programas de controle de doenças diarreicas) tem provado que campanhas podem ter algum efeito na redução de morbidez e mortalidade e na redução de gastos desnecessários.
É a educação da comunidade sobre o uso de medicamentos, uma necessidade, ou é apenas um luxo – “a cobertura do bolo” – que só deve ser considerada quando todos os outros aspectos de uma política nacional de medicamentos estejam funcionando? Pode a maioria dos países se dar ao luxo de realizar essa educação, quando tantos problemas de abastecimento e de acesso ainda não foram resolvidos no setor farmacêutico? Isto talvez seja uma prioridade apenas para os países mais ricos do mundo? Ou a questão da educação deveria ser colocada de forma diferente? Os países podem se dar ao luxo de NÃO se comprometer a esta educação da população se a saúde necessita ser melhorada e os recursos serem usados racionalmente? Estas são as perguntas-chave que enfrentam os países e as organizações em desenvolvimento.
Os consumidores necessitam de informação e de educação sobre medicamentos bem como sobre estratégias para busca tratamentos adequados devido a um número de razões imperativas de saúde pública:
devido ao importante papel dos medicamentos nos cuidados de saúde atuais para que os indivíduos e comunidades possam se tornar responsáveis por sua saúde, incluindo as decisões sobre as adequadas estratégias terapêuticas: tanto um direito humano quanto uma condição para uma tomada de decisões sólida;
para que os pacientes se tornem parceiros devidamente informados na tomada de decisão terapêutica e, na maioria das vezes, do conseqüente uso de medicamentos, um elemento fundamental para se obter melhores resultados terapêuticos porque, afinal de contas, o paciente é o determinante final do uso de medicamentos;
para que os consumidores tenham os instrumentos básicos para a aquisição racional e segura de medicamentos, podendo colocar em cheque as reivindicações da promoção comercial do medicamento: ambas as áreas críticas, tendo em vista a extensão da auto-medicação e a evidente comercialização antiética de medicamentos.

O papel da educação da população
A educação popular tem um papel importante a desempenhar para influenciar essas decisões, de quem as toma, positivamente. Os consumidores necessitam ter acesso a informações precisas e compreensíveis sobre os BENEFÍCIOS e RISCOS POTENCIAIS dos medicamentos em geral, como eles agem dentro do corpo e as limitações da terapia com os medicamentos e as outras opções de tratamento sejam de cirurgia, exercício físico, alimentação, etc. Pacientes, durante um encontro terapêutico ou de dispensação necessitam deinformações sobre os riscos e benefícios de opções de tratamento, incluindo os seus efeitos indesejáveis. As bulas de medicamentos deveriam cumprir estes requisitos, mas as indústrias produtoras, frente a falta de uma fiscalização rigorosa deixam de atender as necessidades da população em geral.
Avanços vem sendo lentamente incorporados no Brasil, mas em países mais desenvolvidos é prática corrente obter na bula as informações necessárias, frente ao cumprimento deum legislação rigorosa e uma sociedade melhor informada.
Este relatório de um estudo global da OMS de trabalho atual em educação popular no uso racional de medicamentos analisa quem e o que está sendo alvo, quem está fazendo o trabalho, como e por quê, quais são as necessidades e as lições aprendidas; onde poderíamos ir a partir daqui. O estudo tenta contribuir para o corpo de conhecimentos no que é uma área sub-relatada e negligenciada. Desta forma, os países, organizações e indivíduos podem embarcar em iniciativas de educação pública em condições de maximizar suas chances de sucesso, desenhar seu trabalho sobre o trabalho e a experiência de outros, e verdadeiramente contribuir para o fortalecimento da comunidade, da sociedade. Uma sociedade melhor educada é uma sociedade mais apta a enfrentar problemas e tomar decisões mais adequadas, em benefício da sociedade.

TOMADA DE DECISÃO
Mesmo quando os consumidores utilizam os canais formais de cuidados de saúde, a sua tomada de decisão é o determinante final do uso de drogas. Estas decisões são influenciadas pelas crenças de familiares ou amigos ou a comunidade mais ampla, as informações dos prescritores e dispensadores e material promocional. Os farmacêuticos são muitas vezes os profissionais de saúde com o contacto mais próximo ao público e pode ser uma fonte chave de aconselhamento. Os médicos prescritores e outros podem ter um impacto indireto sobre as decisões dos consumidores, especialmente se o paciente foi inicialmente introduzido a um novo produto através de uma receita médica. E, claro, o material promocional de fabricantes de medicamentos que se destina a influenciar a escolha do consumidor. Como os medicamentos são obtidos e utilizados, não é apenas sobre as escolhas individuais feitas por um médico prescritor ou do consumidor, mas reflete uma matriz de fatores sociais, econômicos e de saúde que influenciam essas decisões
A auto-medicação, tanto em países industrializados ou em desenvolvimento, é a reação mais comum para sintomas que se podem sentir. As vendas globais de produtos que são tradicionalmente considerados como OTC (over-the-counter, sem prescrição) de venda livre, ou de venda livre foram responsáveis por cerca de 17% do mercado mundial de produtos farmacêuticos (valor de venda) em 1993. Três quartos das vendas foram na Europa, Japão e Estados Unidos da América. No entanto, estes números não refletem a imagem completa. Medicamentos OTC são geralmente mais baratos do que os medicamentos de prescrição. Portanto, o volume relativo consumido é maior do que os 17% das vendas totais. Mais significativamente, a automedicação tem muitas manifestações que não são refletidas nos dados de vendas de OTC.
Estes incluem o uso pelos consumidores de medicamentos tradicionais, a aquisição e re-utilização de medicamentos prescritos e aquisição direta de medicamentos prescritos. Inquérito domiciliar e da comunidade de outros estudos baseados na África, Ásia e América Latina constataram que até 80% dos episódios de doença são auto tratados com medicamentos modernos
Medicamentos que requerem receita são amplamente disponíveis através de uma variedade de fontes que incluem vendedores ambulantes, curandeiros tradicionais e farmácias ou estabelecimentos comerciais não licenciados. Em muitos países em desenvolvimento, os medicamentos que exigem prescrição são também disponíveis rotineiramente aos consumidores, mesmo em farmácias licenciadas devido à falta de capacidade de vigilância e fiscalização para autuarem farmácias e farmacêuticos.
Repetindo, mesmo quando os consumidores utilizam os canais formais de cuidados de saúde, a sua decisão e não a do prestador de cuidados de saúde é o determinante final do uso de medicamentos. Uma vez que o paciente tenha a receita médica, ele decide se ele quer comprar todos os medicamentos ou somente alguns dos itens dela. Ao fazer isso ele poderá ter que decidir quais itens são importantes e assim os que valem a pena comprar. Os pacientes também decidem se e quando tomar os medicamentos se quer continuar a tomá-los se ocorrerem efeitos colaterais ou sintomas desaparecem, e o que fazer com os medicamentos utilizados. O PACIENTE É VOCÊ OU É ALGUÉM POR QUEM VOCÊ TOMA A DECISÃO.

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